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Como é feita a vacina da gripe e por que nem sempre funciona?



O processo é bem simples: um vírus é injetado em um ovo fertilizado, onde ele se reproduz várias vezes. Depois de dois ou três dias, cada ovo contém milhões de vírus da gripe vivos. Os vírus são então purificados do ovo e mortos com químicos. Cada dose exige de um a dois ovos, então as fabricantes precisam de cerca de 150 milhões de ovos para as 100 milhões de doses de vacinas da gripe só para os EUA. No fim, o que sobra são partículas de proteína viral que servem como o núcleo das vacinas da gripe. Nosso sistema imunológico aprende a reconhecer essas proteínas virais de modo que quando um vírus vivo surge, ele saiba o que fazer.

Tudo isso não parece muito complicado. Na realidade, não parece nem ser algo que demande muito tempo para ser feito. Mas fazer 150 milhões de doses de vacina é como comandar um navio gigantesco: não é fácil mudar seu curso. Estamos lidando com coisas como escala e garantia de segurança, então é necessário que os produtores se certifiquem de que está tudo certo quando tivermos que lidar com vírus da gripe vivo.

Dois exemplos do motivo de demorar tanto. Primeiro, os vírus são injetados em ovos não são apenas os vírus que você encontra nas ruas. Uma vez que a OMS tenha identificado as cepas do ano, ela pega cada uma e a cruza com uma cepa de laboratório especialmente desenvolvida para crescer bem dentro de ovos de galinha. O vírus híbrido acaba com: 1) as propriedades da cepa laboratorial que o faz se reproduzir corretamente dentro dos ovos; e 2) os antígenos (um tipo de proteína) para identificá-lo a partir dessa cepa em particular. A fabricação e os testes desse vírus híbrido levam cerca de seis semanas.

Segundo, a OMS também cria reagentes de referência, que é uma forma pomposa de se referir a um kit para garantir que cada vacina venha com a dose correta. Sem entrar em detalhes técnicos, os reagentes de referência são feitos de anticorpos, moléculas criadas pelos sistemas imunológicos em resposta ao antígeno de um vírus. Como conseguimos anticorpos? Infectando ovelhas com o vírus e extraindo-os de seu sangue. A OMS nota que isso costuma ser um gargalo na produção de vacinas que demora no mínimo três meses.

Para além dos ovos

O complexo industrial da produção de vacinas em ovos é enorme e bem estabelecido, mas não é, obviamente, livre de falhas. Já existem algumas técnicas alternativas que são um pouquinho mais rápidas. Por exemplo, vírus da gripe também podem crescer em células de mamíferos em placas de Petri ou serem recombinados com diferentes tipos de vírus para crescer dentro de células de insetos. Essas vacinas são feitas em blocos relativamente menores, geralmente para pessoas alérgicas a ovos.

Alguns cientistas estão testando ideias ainda mais diferentes, como criar partículas de vírus em plantas de tabaco ou usando um processo de produção de DNA. Todos esses processos podem ser mais rápidos e flexíveis por não dependerem de um suprimento de ovos de galinha fertilizados. Eles, claro, dependem de suas próprias cadeias de suprimentos e necessários controles de qualidade.

Com a ameaça constante de novas epidemias de gripe aviária e suína, as autoridades da saúde pública estão preocupadas com o tempo que demora a produção de novas vacinas. Para esse ano, nos EUA, as consequências desse sistema estão sendo sentidas na pele. E na febre, na dor pelo corpo e nos outros sintomas da gripe.

Via Gizmodo
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