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5 mitos sobre a Microsoft

















Há uma imagem icônica de Bill Gates que deve ajudar a explicar nossa fascinação coletiva por esse empresário lendário e sua mais famosa criação, a Microsoft Corp.. É uma foto de 1977, tirada depois que Gates foi preso em Albuquerque, no Novo México, por violar leis de trânsito [fonte: The Smoking Gun].


A foto mostra um CDF de 19 anos sem queixo, com óculos de grau de lentes bronze e um indefectível sorriso. Como - e isso cabe a nós imaginar - esse colegial com cara de bobo e habilidades como motorista questionáveis (e usando uma ainda mais questionável camiseta florida) acabou se tornando o homem mais rico do mundo?

1 - A Microsoft inventou o Windows

No começo dos anos 70, uma equipe de pesquisadores do Centro de Pesquisas Palo Alto, da Xerox (Parc), expandiu o conceito de Englebart e construiu o Xerox Alto, o primeiro computador pessoal que vinha com a agora padrão: janelas (windows), ícones, menus e dispositivo de ponteiro (mouse).

O Xerox Alto rodava um sistema operacional/ambiente de desenvolvimento chamado SmallTalk, que fora criado no laboratório Xerox pelos pesquisadores do Parc. Em 1979, Steve Jobs, então com 24 anos de idade, da recém-criada Apple Computer, Inc., pagou US$ 1 milhão em opções de ação da Apple por um tour detalhado às dependências do Parc Xerox. Embasbacado com a interface SmallTalk, Jobs pediu a documentação técnica do produto, que a Xerox inocentemente deu a ele [nota: essa cena pode ser vista no filme "Piratas do Vale do Silício"].
Com as especificações da SmallTalk em mãos, a Apple lançou em 1983 o Lisa, primeiro computador comercial a vir com a interface de janelas, ou windows. Jobs usaria uma interface similiar para os modelos mais populares do Macintosh. Quando Bill Gates, que escrevia software para os Macintosh, lançou o Windows 2.0. em 1987, a Apple processou a Microsoft por roubar descaradamente a interface gráfica do Mac – algo que a Apple havia roubado muito antes da Xerox.
A Apple acabou perdendo o caso, e a dominância subsequente da Microsoft no mercado de PCs transformou as polêmicas janelas em sinônimo do Windows.



2 – A Microsoft não está nem aí para segurança

Você dificilmente lê manchetes como "Apple avisa usuários sobre séria falha de segurança", ou "Red Hat corre para lançar correção para frustrar hackers". Isso porque poucos programadores se incomodariam em escrever códigos maliciosos e vírus de computador maldosos para Mac OS X ou para Linux. A razão é bem simples: se você fosse um hacker e seu objetivo traiçoeiro fosse envenenar o máximo de máquinas possível, você apontaria seus esforços para o sistema operacional usado por mais de 90% dos usuários mundiais de computador.
Apesar da crítica raivosa da fraca segurança do Windows XP, é errado dizer que a Microsoft não está nem aí para a segurança. A Microsoft emprega algumas das mentes mais brilhantes no campo da cibersegurança, incluindo o chefe de segurança Michael Howard e o especialista em segurança para Linux Crispin Cowan. Nos últimos anos, eles lançaram várias iniciativas de segurança de longo prazo, incluindo a Trustworthy Computing, a End to End Trust e mais recentemente a Microsoft Security Essentials. Eles também fizeram o Windows Vista ser substancialmente mais seguro que o XP.
A questão real, de acordo com o veterano jornalista de tecnologia Rob Enderle, é se alguém na companhia pode afastar com sucesso a barragem quase constante de ataques que assolam os produtos da Microsoft. Para piorar as coisas, ele diz, o ato de vangloriar-se dos recursos de segurança parece atrair hackers ávidos por um desafio. Como um exemplo, o jornalista cita um anúncio da Oracle que chamava sua última criação de "à prova de balas". Ela foi atacada com sucesso no dia seguinte.



3 – A Microsoft é um monópolio natural
A definição real de um monopólio natural é na verdade bem diferente do seu significado convencional. No linguajar econômico, um monopólio natural é uma empresa a quem se permite monopolizar uma indústria, por ser de melhor interesse para o Estado e para o consumidor.
Empresas concessionárias são clássicos exemplos de monopólios naturais. Na maioria das cidades e áreas urbanas, você não tem como escolher qual companhia elétrica usar. Isso porque há uma enorme barreira de entrada para uma companhia elétrica concorrente começar. Você teria de construir usinas de energia e passar milhares de quilômetros de cabos para criar uma infraestrutura funcional. É mais barato para o consumidor – e mais eficiente para o Estado – ter uma companhia privada regulamentada comandando o show.
Na superfície, a Microsoft se parece com um monopólio natural da indústria de computadores. Já que a companhia detém 90% do mercado global de sistema operacional, a Microsoft goza de enorme economia de escala. Por exemplo, desenvolvedores menores de software jamais poderiam gastar tanto quanto a Microsoft no desenvolvimento e marketing de um produto. Eles nunca teriam o dinheiro de volta sem ter de cobrar muito mais que a Microsoft cobraria pelos mesmos produtos.
A grande diferença é que a Microsoft usou seu "extraordinário poder de mercado e imensos lucros", nas palavras do juiz distrital Thomas Penfield Jackson, não apenas para erguer barreiras mais altas para a entrada da concorrência, como ameaçou e intimidou qualquer um que ousasse bater na porta. E não há nada natural sobre isso.



4 – A Microsoft não é inovadora

A Microsoft tem uma reputação bem merecida nos círculos do software por ser tecnologicamente derivada. Em outras palavras, a Microsoft emprestou ou comprou cada boa ideia que já teve.
Essa teoria não é infundada. Por exemplo, Bill Gates e amigos não escreveram o código do MS-DOS. Eles compraram algo chamado QDOS (sigla em inglês para Sistema Operacional Rápido e Sujo) por US$ 50 mil, ajustaram-no e licenciaram-no para a IBM com grande lucro. Eles também não escreveram o código do Internet Explorer. A Microsoft licenciou o código fonte do navegador da Spyglass Inc., que fez o navegador Mosaic, e usou o mesmo código fonte para três ou quatro versões do IE.
Defensores da Microsoft sabem que a companhia não é assim uma grande inovadora tecnológica – Gates não se deu conta do potencial da Internet até 1995 -, mas vão dizer que a companhia tem algumas das ideias de negócios mais vanguardistas na área.
Pense nisso. Antes de a Microsoft aparecer, ninguém tinha tido a idéia de vender software e hardware separadamente. A IBM licenciou o MS-DOS da Microsoft porque queria se concentrar em hardware. Gates, Steve Ballmer e outros executivos da Microsoft anteviram o potencial lucrativo no licenciamento se seu sistema operacional para dúzias de diferentes fabricantes de PCs.
Quando o Instituto de Negócios da Harvard estudou os segredos do sucesso da Microsoft, eles apontaram a abordagem inovadora da companhia à sua propriedade intelectual. A Microsoft criou uma biblioteca colossal de componentes de código-fonte proprietário que funcionam através da plataforma Windows. Se um desenvolvedor prova sua lealdade à Microsoft, ele ganha acesso àquela biblioteca de código – e centenas de milhões de consumidores potenciais da Microsoft.



5 – Bill Gates é o Mal

Arrogante. Ameaçador. Implacável. Teimoso. Todos esses são adjetivos que ex e atuais colegas da Microsoft – e concorrentes – usaram para descrever William Henry Gates III. Mas esses críticos o descreveria como o Mal? Nem em um milhão de anos.
Quando Gates anunciou que ele estava se desligando das operações diárias da Microsoft em julho de 2008, isso gerou uma enxurrada de artigos sobre seu legado. Alguns o comparavam a Henry Ford, outra pessoa que pegou uma tecnologia cara e refinada e desenvolveu uma forma engenhosa de vendê-la para as massas.
A missão de longo tempo da Microsoft foi ter "um PC em cada mesa de trabalho e em cada lar". De fato, o Windows foi entregue em mais de 1,75 bilhões de PCs no mundo todo desde 1981.
Alguns jornalistas e especialistas escolheram comparar Gates a Ford, mas a comparação mais apropriada poderia ser com Andrew Carnegie, o barão do aço que se engajou em práticas de negócios implacáveis antes de dedicar seus últimos anos de vida à filantropia. Quando ele morreu, em 1919, ele tinha desistido de todas as suas riquezas adquiridas de forma ilícita e fundado museus, bibliotecas, parques e numerosas organizações de caridade.
Gates pode ser culpado de muitas táticas de negócios condenáveis, mas nunca mandou tropas mercenárias atacarem sua própria fábrica. Como filantropo, ele deve ser o maior doador na história do mundo. A Fundação Bill e Melinda Gates já investiu dezenas de bilhões de dólares na erradicação da doença e pobreza em nações em desenvolvimento e com o tempo dará toda a fortuna de Gates. Quão nocivo e perverso isso pode ser?



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